Thanatos, descendente da noite e trevas
Golpeia em meu peito o desolar
Sombrio neste lasso coração a palpitar
Na fugidia passagem da vida,
Diviso sonhar no feto negro de meu cantar,
Inebriante ser infindo que se refugia de mim mesmo.
E traga-me ao sono eterno de Hipnos.
Oh, meu ser arfante negligencia a si mesmo
Num silencioso anoitecer às ermas sendas
De meus truculentos pensamentos no absinto
Desta intoxicação d’ alma, e desce nela toda hirta
Irrisão quando ao vibrar de sua batida,
Mergulha-me nas brumas sepulcrais de meu combalir.
Quero no Jardim das Árvores Sala Gêmeas viver
Levado pelo meu nirvana aos Bosques de Letes (esqueço-me!)
Sombras e fogos que suscitam fantasmas presentes,
E ecoa-se o alvitre no sono ao seu retorno.
Quimeras que ressurgem nas cinzas do eterno,
As sombras que se consomem nos templos de meus desejos.
E o Verme-Deus corrói estes templos incomensuráveis
Para a gênese de outra vida que se acende
Audi! As sombras se deleitam sob o dilúvio
Rosis delectant. E nesta fúria, o pranto, se sente,
Consome-se e opõe-me a sua natureza abstrata.
Davys Sousa
(Caine)