O sol somente espreitava, já se despedira de quem ia ficar do lado de cá da noite; a conversa que me faziam era estranha, era como se eu falasse das cores das flores do meu jardim e me respondessem acerca do esplendor das ramas do meu batatal, com o seu verde exuberante e as batatas sem adubo sintético, nem pesticidas; no fim não consegui fazer prevalecer as cores e zanguei-me... duma só vez, arranquei as batatas todas, mas mantive o jardim florido com mil cores, ainda que ele fosse assim, apenas para mim. Sem o batatal, já não há razões para conversas estranhas, quando falar das cores das flores do meu jardim, não existirá nada para confundir a conversa, e foi isso mesmo que fiz prevalecer, a conversa continuou e o resultado foi bom, mandaram-me dar banho ao cão... e eu fui!! Peguei na trela imaginária e coloquei-a no cão que não tenho e fui até à beira-mar, não gosto de contrariar ninguém, além de que, passear à beira-mar, é sempre algo que me agrada! Quando cheguei, tirei a trela ao canito, correu feito louco, foi sem ir e voltou sem ter chegado! Rodopiou, mordeu a própria cauda que não tinha, pois nem ele mesmo existia e ladrou diversas vezes de alegria, sem que se escutasse um latido que fosse! Mantiveram-se impávidas as Gaivotas! ...Eu sentei-me, contemplei o Mar e pensei que estava ali por causa dumas flores coloridas e dum batatal; o sol, aquele que espreitava, já se tinha aconchegado com a noite, a brisa alentava-me, sussurrava-me ao ouvido que não há gestos iguais, em dias diferentes e que amanhã, seria outro dia!
Ficou frio, mas quis permanecer ali, a ver a luz do farol, que encoraja até os mais fracos, a fazerem-se ao Mar; se perguntarem por mim, digam que fui dar banho ao cão.
Andy