Sou filho da noite,
Perdido na escuridão.
Peço a Deus que me acoite
E de mim, tenha compaixão.
As estrelas são meu guia ,
Do tempo não tenho noção.
Há um candeeiro que me alumia,
Minha cama, é um papelão.
Tenho trapos para agasalho,
Uma fogueira para me aquecer,
Nas noites de orvalho,
Sinto meu corpo tremer.
O que aos outros não faz falta,
Para mim é um precioso bem.
Quando a noite já vai alta,
Mata-me a fome também.
Às vezes como do lixo,
Sem tirar nada a ninguém.
Prefiro viver como um bicho,
Do que roubar algo a alguém.
Os passarinhos são meu despertador,
Despertam me com seus trinados.
As suas lindas melodias de amor
Me deixam renovado.
Esta vida errante
Que o destino me traçou…
Para uns, a de meliante,
Outros, aquele a quem a sorte abandonou.