Ele pedia esmola...
Velho, alquebrado,
Estendia
a sua mao tremente
a toda a gente
que nao via
o seu rosto cansado
e passava indiferente...
Que nao lia,
no seu olhar magoado,
a dor do dia a dia...
Que esperava afinal?
Uma moeda atirada,
jogada,
em gesto formal,
para a mao enrugada?
Isso somente?
Talvez fosse diferente
o seu desejo...
Talvez que uma palavra quente,
como o calor de um beijo,
suavizasse melhor
a sua dor...
Talvez que ela respondesse
mais eficazmente
as mudas interrogacoes
que da alma se evadiam
quando os tostoes
na sua mao caiam...
E o metal era frio!...
E o som tao vazio!...
Detive a minha caminhada
e dinheiro nao joguei
na sua mao descarnada!
Apenas lhe falei...
O que disse, nao sei...
So lembro
que, pelo rosto encarquilhado
do velho alquebrado,
uma lagrima tombou
e, a sorrir, murmurou:
"Minha filha, obrigado!..."