No raiar da manhã fragrâncias invadem
a casa, percorrendo os quatro cantos.
Lá fora os corvos, estridentes, como só
eles, exigem seu lugar, debaixo do sol.
Buscam os frutos caídos durante a noite,
saltitando de jardim para jardim, negros,
bem negros, de olhos vermelhos como
chamas, de beleza a ninguém indiferente.
Apenas a nossa cadelinha, late sem parar,
reafirmando aos audaciosos corvos, quem
ainda manda ali, correndo atrás dos biltres,
fazendo-os partir, numa louca revoada.
E eis é chegada a hora do pequeno-almoço,
com o cheiro a pão quente, abrindo apetites
mais vorazes, depois de uma noite, bem
dormida; e, há uma alegria salutar, à mesa.
Depois de espantar os corvos agoirentos,
até a nossa cadelinha, viu a sua refeição
reforçada, e, roçagando nossas pernas,
foi vê-la comer com agrado, solto granulado.
Agora que todos partem, um a um, para seus
afazeres diários, despedindo-se, à distância,
a casa parece tornar-se enorme e vazia, com
as janelas absorvendo as imagens recorrentes.
Jorge Humberto
29/09/08