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Amor

 
Amor, sei que um dia te perdi,
Mas ainda sinto que não te esqueci.
Sei que o tempo passará,
E talvez, quando distantes, a ferida sarará.
Recordo com mágoa um passado distante,
Mas para mim muito importante.
Amor, sei que Amor não sentiste,
Sei que tudo, ou nada, do que vivemos pediste.
Amor, amar não te quero,
Mas se não é Amor o que por ti sinto, não sei o que será.
Em tempos quis odiar-te,
Mas todo o ódio que te tive não extinguiu o Amor que te tenho.
Amor, o que peço é não te amar,
O que desejo é te abraçar.
Tento repudiar tua pessoa,
Tento idealizar tudo o que não vejo em ti e gostaria de ver,
Tento perceber como é o teu crescer,
Mas só vejo em ti uma criança que teima em não desaparecer.
Amor, se é que és Amor,
Fazer-te ver queria teus erros passados,
Mas maior erro é meu em torná-los, dia a dia, mais presentes e marcados.
Amor, gostaria de um dia te dizer, olhando profundamente nos teus olhos,
E esperando que dos meus lágrimas não caíssem,
Tudo o que me não deixa esquecer-te.
Por certo não me irias compreender,
Por certo nem saberias o que responder.
Amor, será que sempre o serás?
Amor, de ti nada espero receber em troca,
Pelo Amor que te tive, ainda que não o percebesses,
Recebi mágoa e ressentimento.
Como me poderias amar?
Tu nem me sabias aceitar!
Ingénua fui,
E não quero de novo sê-lo.
Sei que algo entre nós será impossível,
Embora anos passassem,
E em ti algumas atitudes mudassem.
Pergunto-me constantemente porque não consegui amar mais ninguém como te amei,
Mas a resposta não sei.
Quantas noites em claro passei!
Questionando-me sobre o passado,
Concluo que nada teria alterado;
Contigo aprendi a amar e a julgar-me amada ,
Contigo aprendi a curvar o meu orgulho;
Aprendi, ainda que sofrendo, que mais vale conhecer uma verdade dolorosa,
Do que acreditar apaixonadamente numa mentira piedosa.
Soube tornar-me altiva,
Tentando dissimuladamente ignorar-te,
Evitando falar-te e até mesmo olhar-te.
Temo ainda que em meu olhar possas encontrar uma réstia saudosa do meu Amor.
Por isso não o faço, limito-me a contemplar-te longinquamente,
Desejando-o fazer desinteressadamente.
Amor, o que mais me incomoda,
É saber que houve um tempo em que tudo isto não sentia,
Em que até me compreendia.
Não sei que se passou desde então.
Preferia viver na ilusão,
De amar alguém, diferente,
De amar um ideal,
Que busco incessantemente,
Já sem razão para nele acreditar.
Amor, sei que tudo são palavras,
Escritas de forma diferente,
Numa forma que tu não gostas,
Mas na qual sei melhor exprimir-me.
Se algum dia leres estas quimeras passadas ou presentes,
Não saberás que foi pensando em ti que as escrevi,
Mas pelo menos, resta-me a esperança de acreditar,
Que de alguma forma te fiz pensar.

27-01-00


Diana Gomes

 
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DianaGomes
 
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