A um amor por mim desconhecido,
Entregou-se meu coração;
Será que foi a um amor ou àquela ilusão,
Ilusão de tentar fugir à solidão?
Fosse ao que fosse,
Ele entregou-se,
Mas não me pediu,
E só me informou,
Quando os olhos meus contemplaram que na verdade,
Amando,
Ou simplesmente desejando não estarem sós,
Viram que estavam na mais perfeita solidão!
Para quê negar?
Para quê amar?
Para mais uma vez sofrer,
Uma triste e dolorosa,
Decepção amorosa.
Com razão alguém disse:
“Ama quem te ama,
Não ames quem te sorri,
Porque quem sorri te engana,
E quem te ama sofre por ti.”
Mas será que alguém sofre por mim?
Ou serei eu só a sofrer por alguém a quem amo,
Por alguém que ama quem lhe sorri?
Para quê sorrir?
Mas ainda assim afirmam:
“Sorri, sorri sempre mesmo que o teu sorriso seja triste,
Porque mais triste do que o teu sorriso triste,
É a tristeza de não saber sorrir.”
Mas para quê sorrir?
Ficará alguém triste se eu não sorrir?
Entenderá alguém a minha dor?
Por que não chorar então?
Por que a nossa sociedade acha que tal é um acto de fraqueza?
Talvez se ensinassem a chorar haveria mais gente a rir.
Porque ao chorar nós despedimo-nos da dor que aperta em nós,
Ou pelo menos tentamos.
Porque quando choras tu vês que se calhar existe alguém…
E quando ris, todos riem,
Nem que seja um triste sorriso…
E quando choras, chorará alguém?
Ou rir-se-á do teu choro?
Por que achamos ser mais fácil chorar quando temos a almofada por companheira,
Ou quando as nossas lágrimas se fundem com a água que cai do chuveiro?
Por que será que é nesses momentos que também sonhamos mais facilmente?
O meu choro é a tinta com que escrevo neste papel,
O ombro onde choro é o papel,
Que não me compreende, mas que me serve de apoio nos momentos de dor.
Por que já não conseguem chorar os meus olhos, nem rir meus lábios?
Será que nem forças tenho para me lamentar,
Para me enraivecer,
Para chorar?
Será que o nó que tenho na garganta irá perdurar?
Será que já nem, como em tempos, conseguirei disfarçar a tristeza?
“Não amar é um longo morrer”,
E amar não será um longo sofrer?
Tudo são palavras…
Palavras duras talvez.
Por que me revolto tanto, como jamais o tinha feito,
Se não amo mais agora do que quando amei em tempos?
Será que tudo isto é só solidão?
Quero dormir um sono profundo…
Quero dormir e só acordar numa radiosa Primavera,
Ou num tórrido Verão.
Quero acordar e ver que afinal não estou só,
Mas tenho a meu lado pelo menos um leal amigo,
Ou o verdadeiro amor.
O que restará se não este pedaço de papel,
E ilusões, tristes ilusões.
Por que não sou um pássaro que voa e se sente em liberdade?
Um pássaro, não uma frágil ave sujeita á bala do caçador inimigo.
Um pássaro para voar, livre de toda a vermelha seta…
26-04-99
Diana Gomes
Re: Desabafos...
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