BEBIDA, COMIDA & INDUMENTÁRIA
(Davys Rodrigues de Sousa, Teresina – PI, 2004)
Desde os albores da história,
Nova pedra cultiva-se
O cantil desértico, vida de um homem.
Um gosto retórico?
Torrentes de loucos!
O pobre está sobre a mesa – um fato;
Consumado,
Sem pão, fogo, se tem vontade
Sem carne, louça, se tem pão,
Melhor morto que vivo.
A boca estufada no estômago.
Agora, mão a mão,
Sola o sapato.
Na outra sala do quadro
Uma criança repulsiva.
Cadê a indumentária?
Paragem pintada da política
Da corrida anti-humanística.
Uns tens e outros não.
Poucos têm muito e outros nada.
Licença!
Onde é fácil se perder?!
Sumiram a gente
A gente que não se encontra
Mais aqui,
Sumiu!
Cadê a bebida?
Não bebo uísque.
Só aguardente de negro.
Mata-rato.
Engulo em seco.
Óbvio, mas cadê a comida?
Neres cá (nada aqui).
Algum problema?
Sim! Cadê a comida?
Ou a nesga
Para suster a vida insulsa.
A história se repete
Ou apenas uma crônica política.
Cadê a bebida?
Não bebo uísque.
Só aguardente de negro.
Mata-rato.
Engulo em seco.
Tudo isso é título!
É grátis? ... atribuído.
Vida sou? ... morte sois.
Desata este nó... mortífero.
Vivo na insônia
Esmoreço dos olhos.
O pobre está sobre a mesa – um fato!
Consumado.
Suficiente esperar?
Na outra sala do quadro
Uma criança repulsiva.
Cadê a indumentária dela?
Licença?
Sumiram a gente
Cadê a bebida?
Só bebo aguardente de negro.
Mata-rato.
Não, uísque.
Ontem a mesma coisa!
Eu que nem nome me dei
Não posso ser verbal!,
Filho bastardo,
Calado!
Silencia a noite.
E eles? A gente?
Quem está no poder?
Poder este de vida e morte.
Impunha aos mesmos.
Algum problema?... os mesmos.
Falta mais carne?... a mesma.
Pão e fogo?... acabaram os mesmos.
Então, um uísque.
Não bebo aguardente de negro.
Mata-rato.
O pobre sumiu da mesa,
Errante página do jornal
De ontem,
O menino, a criança morreu,
Quando?! Quan...?
Na noite de Março,
Na noite de ontem de Março.
A indumentária?
Já está pronta.
Prato?
Cheio.
Problema?
Resolvido.
Cadê a bebida?
Não bebo!
Não bebo mais.
Algum problema?!
Davys Sousa
(Caine)