Meu coração despedaça-se em mil
bocadinhos, quando sem ti.
E até as cores perdem seu sentido,
mais natural, que é o de nos alegrar.
Tudo é disforme, desconexo, inútil.
E nada me ocorre, e, ao fundo, a luz,
parece trapacear de mim, com seus
brilhos bruxuleantes, incoerentes.
Saio à rua, mãos nos bolsos; talvez
o vento no rosto desperte teu senho.
E, por momentos, vejo-te ante mim,
no marulhar da brisa, nas árvores.
Continuo meu caminho, em eterna
recordação, que, por onde eu passe,
logo me lembra tua pessoa, na aragem
que não sossega, na sombra dos gatos.
Paro, por momentos, ante um jardim,
e, com mil cuidados, entro nele, até
minha vista se habituar às diferenças,
e colher a rosa das rosas, a prometida.
Regressado a cada, afrontado pelo frio,
em uma bela jarra, que enchi de água,
lá deposito a rosa colhida, com carinho,
e sento-me expectante, diante da porta.
Quem sabe não virás tu ainda esta noite,
buscar a rosa que te aguarda, tirar-me
desta solidão; dor que potencia, à medida
que o tempo passa, sem que saiba de ti.
Jorge Humberto
28/09/08