No tempo em que era solteiro
Eu trabalhei na função de carreiro
Lá na Fazenda Santa Maria
Trabalhava com o boi Queimado
Que puxava um carro pesado
De cedo até o romper do dia
Este boi era mais que um amigo
Trabalhando muito tempo comigo
Com muita força e mansidão
Transportava madeira e cereais
Por trilhas em meio aos carrascais
Sem nunca me deixar na mão
Mas um dia eu deixei a fazenda
Com uma tristeza tremenda
Fui despedir do boi Queimado
Chorei mais que uma criança
Pois me veio na lembrança
Bons tempos por nós passados
Num dia muito triste fui saber
Que o boi Queimado ia morrer
Porque para o corte foi vendido
Fiquei tão desanimado a meditar
Que só servimos pra trabalhar
E depois nós somos esquecidos.
Jmd/Maringá, 28.09.08
verde