é tarde para se dizer amor entre o outono a cair com as folhas da copa das árvores e a geada a secar as ervas no passeio de todos os caminhos. é tarde para vestir as ausências com trajes domingueiros e pentear os cabelos, sair como quem fica sempre no mesmo lugar, encostada ao vidro da janela que a praça come só de olhar, é tarde. é tarde para pintar todas as esperas com cores de março, e é tarde na mais tardia tarde de todas as tardes, ainda que se congelem alguns gestos, ainda que se mantenha o amor quente entre as duas palmas, é tarde para o dizer por entre a multidão de corpos que se arrasta na praça, na praça onde ainda espera o beijo, à porta da casa dos corpos que se amaram.
. façam de conta que eu não estive cá .