Sentem-se loucas, as horas
doidamente perdidas
no prefácio da vida,
aos tombos e soluços
no convés da angústia.
Sentem-se sós, os olhares
trocados em pecado,
penitentes
nos sargaços do sentimento,
esventrado por dentro e fora
ao mais fundo do ser só.
Sentem-se carentes, as almas
dos beijos dos amantes,
do riso da paixão bravia
num mero gesto amigo
que o amor encerra
no lume dos dias.
Sentem-se loucas, as vidas
brejeiras de vaidades tolas
e raivas a rodos, sufocadas
trespassadas de morte
por um punhado de coisa nenhuma.
Sentem que sentem, surdamente
lançam-se ao ar num sopro
e navegam sem norte
pelos outonos dos sonhadores,
onde o tempo se entrega
à loucura em que se sentem
o que sentem reais...