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Desabafo

 
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E o tempo foi passando...
Eu ali a observar tudo.
Vesti-me de alegria.
Vesti-me de esperança.
Vesti-me de amor.
Usei todas as fantasias.
Fui baba,
faxineira,
passadeira,
cozinheira,
arrumadeira,
enfermeira,
menina,
amiga,
companheira
fêmea,
mulher.
Quis preencher todas as qualificações,
Que predominam em um lar.
Achando que com isso,
conquistaria seu coração.
Que nada!
Ainda assim não tive sua atenção.
Mas tive sim, sua indiferença.
Só era notada na penumbra de meu quarto.
onde minha silhueta brilhava.
Chamando sua atenção.
Ainda assim, permanecia ali.
Pois acreditava no amor.
Não queria vestidos de gala
Jóias, presentes, perfumes importados.
Queria atenção, carinho, amor.
Ter com quem falar meus problemas.
Mostrar todos os meus dilemas.
Chorar em um ombro amigo.
Mas nada...
Havia me feito invisível,
a luz do dia.
Não podes imaginar,
Quantas lágrimas rolaram por minha face,
Invadindo minha alma este tempo todo.
Não tinha com quem compartilhar,
Minhas alegrias, tristezas e incertezas.
Nada então fazia sentido.
Um tempo jogado fora.
E num dado momento,
Como em um passe de mágica,
Comecei a ouvir juras de amor,
Muitas promessas.
No entanto, muitas palavras.
Pouca atitude.
Como acreditar em tudo?
Depois de anos de indiferença.
De fato não posso acreditar.
Não, as coisas não são assim.
Preciso constatar estas mudanças.
Preciso ver e crer.
Já me fizestes muito mal.
Já sangrastes meu coração.
Não é com palavras,
Que terás o meu perdão.amor


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Autor
Iolanda Brazão
 
Texto
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