Serei eu o mais escondido e dissimulado dos fracassos? Sou eu, essencialmente, a besta selvagem e predadora procurando no meio as razões para justificar o injustificável?
Escalpelizando o meu caminho encontro as razões para não me fazer a Ele, as razões para não caminhar. Tentando a custo não ir contra aquilo que invento acabo por me condenar a ficar estagnado apesar de toda as minhas acções.
Questionando, duvidando, escutando, falando, mas parado, rombo, boto, quase morto. De tédio, de desamor a mim e á Vida que quer e merecia ser vivida de forma mais digna e Maior.
Assustado pela calada e revolucionária revelação custo a cair na minha forma.
Como se todas as preguiças do mundo me agarrassem pelas golas com as suas longas e imundas garras e me embalassem com doce e narcótica melodia. O asco e a languidez andam de mãos dadas e reparo que são o mais vulgar dos pares.
Receoso olho no espelho que eu sou e começo a duvidar se gosto do que não vejo.
A Luta que nos faz avançar gasta-me o ânimo.
Condenado por crer em ideais criados por mim, acabo sempre a querer algo melhor. De mim, dos outros, do mundo, da Vida.
Acabo a querer apenas aquilo que ainda não é, adiando assim uma Vida que me aguarda.
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.