Sentado á espera de algo que não me apetece criar eu mesmo, olho para trás vendo o brilho do Sol ampliado por uma lágrima.
Reparo nostálgico em toda a merda que fiz ou deixei por fazer e a acutilância do meu Ego não me deixa esquecer nenhum possível cenário, levando assim uma imaginação fértil a pantânos infectos e áridos.
Começo a sentir que talvez as percas tenham que ser mais que os ganhos.
E que só assim o tal despojamento necessário pode acontecer. Como poderei agarrar algo se tenho as mão cheias de coisas!?
As coisas, as coisas, sempre as putas das coisas. Continuo a ser o mesmo menino deslumbrado por brinquedos dos quais me vou fartar logo que sejam meus.
Temendo ficar de mãos a abanar retenho um pássaro que já fede na prisão das minhas palmas.
Somente no dia em que largar as asas é que vou conseguir voar.
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.