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Foge o tempo na bruma na dor
O albatroz voa para além mar
Vida esquecida sem ódios nem rancor
Dos dedos crescem penas para voar
Passou tanto tempo sem eu me ver
Perdido num redemoinho de agonias
Perdido e solto sem em mim me crer
Passou tanto tempo óh tantos dias
Rendido aos negros nevoeiros do olhar
Cego e surdo neste mar que é imenso
Esqueci-me da alegria do rir do chorar
Estou na borda, do precipício me lanço
Tempestades surdas, o silêncio corre
Numa terra estranha sem frio nem calor
Onde não nasce nem se vive nem morre
Onde não existe o ódio nem o amor
À borda da salvação flutuo na bruma
Sentindo o passar triste dos palhaços mudos
Sentindo o navegar dos barcos afundados
Tocando no meu espírito com dedos surdos
As lágrimas correm secas sem se perder
Deixando os olhos abertos sem ouvir
Percorrendo o rosto inerte ao apodrecer
Onde o silêncio jaz e onde a alma se faz sentir
"Quanto maior a armadura, mais frágil é o ser que nela habita!"