Com a chegada do Outono,
a Natureza cumpre a sua rotina,
O tempo mostra-se menos generoso,
Mas há nesta estação do ano, como nas
outras, algo que lhe é peculiar e tem muita
beleza.
É manifesto, que o Outono exerce sobre alguns de
nós um grande fascínio.
Setembro anuncia-o.
Olhai o vento...
O vento ora sopra forte, ora mansamente.
É cativante...
Quem não sentiu já algum prazer quando ele sopra?
Quem não acha divertido quando ele nos solta o
cabelo e nos obriga a levar a mão à cabeça,
com insistência?
Ele brinca connosco...
Penso que é uma fórmula inventada por ele,
para o ser humano soltar de algum modo o seu amor
próprio.
Ele incentiva-nos ao afago e a darmos a nós mesmos mais importância.
Estimula a vaidade...
Quem não gosta de o ouvir, quando está abrigado,
ou quando se tem um aconchego que nos move o
coração para que se abraçe o do outro, conduzindo-
nos à intimidade e à prática da solidariedade?
Ele é uma força indutora...
Quem não sentiu o arrepio que ele nos provoca na
pele quando sopra vadio e aparece a ripostar por
todos os lados o seu génio, sem contenção?
Ele é intimador...
Quem não se apercebeu ainda do desafio constante,
que nos lança?
O repto que escapa do seu sibilar que nos chega aos ouvidos, num dia de tempestade.
Até parece o uivo de um lobo que anda por perto
à solta e faminto.
Que estranho é este efeito, será que o vento
também se queixa como nós do infortúnio e
padece de alguma enfermidade?
Que sofrimento ...
Quem não se apercebe do escárnio de seu riso
como quem nos vem desafiar os sentidos?
Ai, e às vezes o vento abana a alma dos poetas, sim.
E como ela estremece!
E a chuva?
A chuva se moderada, é uma benção de Deus.
A Natureza fica mais fresca, renova-se de brilhos,
Tudo se regenera quando ela cai.
A chuva cai do céu de uma forma tão natural, e
com tanta abundância,
Que quando era pequena, julgava eu,
que ela surgia sempre que os anjos lavavam o chão
da sua casa - os céus.
O Outono, é belo, para mim, sempre.
E como é bom poder vivê-lo, mais um ano!
É sinónimo que estamos vivos.
O que é estranho é não sentir o ritmo, a
cadência desta dança da vida,
É não ver no Outono qualquer encanto.
É não sentir a versatilidade da Natureza, sempre
que ela muda de vestes!
A Natureza também tem as suas metamorfoses.
beatriz barroso