O Rei capro anuncia orgulhoso tua vinda,
Pressentida no eflúvio dos desejos de amante solitário em ermo mausoléu,
Plangente paixão então diluiu-se no sereno, atmosférico sofrimento,
Quando trolls dançaram diante do báratro meu cadáver estremeceu.
Em ascetério túmulo conservo o luto intérmino,
O sidério encanto estuprado da Lua cheia, impávida serenidade,
Rompendo-se na torva dos espectros de infelicidade eternizada,
Hodur canta comigo partilhando sua dor, divinal mártir cego!
Noite, de messes demoníacas, anelo simplório de amada ninfa apodrecida
Noite ,em teus beijos cálidos o lampejo de olhos irisados, saudades,
Nênia dos obscuros recantos de cálidas despedidas, fadário tétrico,
Noite!
Meu pranto ecoará em teu edênico sonho tombado, ebúrneo anjo vencido.
Escuridão de bacantes em festejo lunar, sacro instinto,
Oiço teus passos, vinde então fantasmal delírio segredante,
A voz dos profanos e sábios funestos recitam aquela esquecida magia para venerar-te,
Entorpeça meu sofrimento em tua beleza atra de fantasma tristonho,
A mortalha erguida junta-se a clâmide deteriorada de broche esquelético
Empoeirando-se com cinzas nostálgicas, luso amor, distante recanto, teu relevo contornado por argênteo brilho.
Lamúrias libertam-se diante de maldições, janelas trancadas cercadas de flores,
O cortejo das almas perdidas sem espectadores anima-se a medida que aproxima-se das fronteiras do Estígio,
Abençoa-me profano Messias em estigmas cancerosos,
Cospe na fronte alabastarina de inconformado contrito, clamo pela volta de quem amo, imploro por ajuda,
Feito Eurídice gritada sem resgate sinto ainda aquele abraço enternecedor, frágil.
Esperança portentosa envolta em esparsas nuvens
Fraquejante criança empalamada sobre as mãos de Thanatos,
Desgraça a guisa de áspide contamina meu sangue, oferenda rejeitada,
Estrelas quedam-se recusando o brilho de guias majestosas quando reinam apenas Trevas.
Proclamada a derrota na chaga crescente de olhos perfurados,
Deito-me agarrado a tuas roupas próximo ao caixão fechado,
Sinto-a como a escuridão fria, misteriosa e distante mesmo tão próxima,
Sinto-a como o fim no sono do doente cansado
ou filho agonizante em estertor, desejo macabro,
Pois toda intemerata virtude perdeu-se em estática tragédia abraçada, assumida,
Anseio então pela clemência dos Deuses, que os vermes devorem logo o que resta de pele esmaecida, lágrimas e ossos partidos,
Noite! Velório dos espíritos condenados,
Noite, eterna amante frígida dos mortos.