Desenganem-se,
De não contar com este grito,
E com a emoção que carrego
E com o desengano em que vivo.
Desenganem-se,
Que o ponto de que observamos o prisma,
Não é sensação do mais belo natural,
Antes e mais, visão parcial, maligno sofisma.
Esqueçam-se do ter e poder, e poder ter,
E passar à frente da vertigem do antes
De tudo. Perder é também ganhar!
De que serve tanta pressa de chegar,
Ir além e a todo lado, milagre omnipresente,
Sem ter com todos, solidária partilha.
De barriga para o ar, reduzidos a respirar,
Deixemo-nos estar… Quanto mais rápido
Vivermos, mais apressamos a morte!
Depressa e devagar, apreciemos a luz
Integrada por mais de mil e uma cores.
Saboreie-se todos os naturais sabores.
Desenganem-se.
Desliguemos da matéria a emoção,
Ligação indirecta e incompleta. Será
O sabor do lar a razão de mútuo habitar.
Boa semana!
Garrido Carvalho
Setembro ‘08