Pinga leve, levemente
Como quem chama por mim...
Será vinho ou aguardente?
Vinho não é certamente...
E a cachaça não pinga assim.
Fui ver. A água caía
Do azul cinzento do Céu,
Branca e leve, branca e fria...
Porém daquilo eu não bebia!!
Nessa não caía eu...
Olho através da vidraça
Vejo tudo muito branquinho...
Passa gente... e enquanto passa
Vou pensando na cachaça
Que mora sempre ao pé do vinho.
Fico olhando esses sinais
Da pobre gente que avança
E noto antes de mais
Os passos descomunais
Dum bêbado que já dança
Que quem já é bebedor
Ande aos tombos... enfim...
Mas agora eu Senhor
Que tenho ar de Doutor
Por que ando sempre assim?
E uma infinita tristeza
Que me atrai só pró chão,
Entra em mim
Fica em mim presa,
Caem os copos na mesa
E eu caio no garrafão
Paráfrase de Augusto Gil
-A Neve- Clonagem de
Reis Mota-Poeta Senior
José Mota