sem esta bruma que embacia
as memórias,
na travessia dos espelhos
(onde as nossas imagens
sobrepostas se perderam)
como saberíamos
qual sou eu e qual és tu
qual o nome que nos deram?
como leríamos agora os
recados escritos na poeira
como rosas irrequietas
murchas na credencia
e palavras arrancadas
das entranhas
como botões de poemas?
como é que as mãos se tangeriam
no abraço do tempo
como se a noite fosse
uma carta escrita pelo
corpo na superfície do espelho?
que fazer com as veias infladas
destas mãos que uso
sobre o peito
assim
cruzadas sobre o
livro que não leio?
Luz&Sombra