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lugar comum

 
chego hoje aqui com o coração inchado, tinha tanta coisa para te dizer mas a estrada que nos separa rouba-me as palavras e prende silêncios nas veias do meu corpo. sinto nas vísceras os anos que passam, fotos de um rosto que pinto de ausências, escritos de um tempo num lugar comum, o mesmo de sempre, entre o tempo do salto e a vontade de saltar. fico por cá enquanto me habitam as certezas de um coração pesado onde boiam momentos que não aconteceram, dias que não se viveram, vozes que não se humanizaram. encosto-me ao ar, na densidade de um aqui ou agora, sinto muito pouco sem ti e morro. em queda livre sobre um espaço ferido, asa seca, flor murcha numa espera que me enterra o corpo triste. este sítio adensa-se na quietude de duas mãos que se dão, entre um cheiro a jasmim e uns centimetros de madeira de caixão, seca e envernizada com bondex. as mãos têm um lugar comum à porta das bocas, bocas que nunca se sentiram húmidas onde os lábios secaram beijos. nunca é tarde em tempo de lugar comum.


. façam de conta que eu não estive cá .

 
Autor
Margarete
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Enviado por Tópico
Karla Bardanza
Publicado: 19/09/2008 01:51  Atualizado: 19/09/2008 01:51
Colaborador
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 Re: lugar comum
Creio que escrevestes este texto para mim porque eu me vi nele.É meu favorito.

Beijo

Karla Bardanza


Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 19/09/2008 07:58  Atualizado: 19/09/2008 07:58
Usuário desde: 06/11/2007
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 Re: lugar comum
Este texto é tudo menos um lugar comum.
Envernizada com bondex?!
Texto irreprensivel.
Bom e fácil de ler.

Beijo matilde.


Enviado por Tópico
MariaSousa
Publicado: 19/09/2008 21:03  Atualizado: 19/09/2008 21:03
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Localidade: Lisboa
Mensagens: 4047
 Re: lugar comum
Belo texto, Mar.

Mas continua a ser triste

Bjs