Este texto resulta de um desafio de dueto da Mel e tem o sentido de um repto para quem quiser por um projecto chamado Gondola:
Cruzadas
Uma palavra calada
Feita de letras mudas,
Uma boca aberta
Feita de (mudos)sons. Silenciada
Em provações de vida...
Ferida!...
Duas palavras caladas
Viajam cruzadas num beijo
De duas bocas coladas
No esculpir de um desejo,
Na ansiedade de provar
O néctar, raiz da vida...
Perdida.
O sentir amargo do doce
Que trai o sabor com o vício,
Que mata de forma precoce,
Que mata no o fim do início...
São coisas que moem o ser
Em redemoinhos de suplício...
Sem sentido!
E se redemoinhos houver,
Existe de igual forma
Este cantar em dueto
Este trocar de dores por afectos,
Que de tão ausentes,
Sofre o Mundo, permanente,
Sofrem os outros e a gente...
Ressentidos…
Sofre o sangue por querer correr
E não ter veia que o aconchegue,
Sofre a carne por querer beber
E não ter sangue que lhe chegue,
Sofre a pele por querer aquecer
E não achar massa que a queira ter...
Intuitiva…
E no entanto...
Uma palavra apalavrada
Feita de letras sonantes,
Uma boca aberta em canto
Feita de sons salivados, vibrados…
Dão corpo a um outro Fado…
Numa letra ressurgida
Um novo sentido à vida!!!!
Val & Mel
Após ser revisto pela poetisa recebi o poema ontem com este comentário (perdoa-me a inconfidência, Mel):
“Vou adorar ver este poemita publicado "Sinfonia a quatro mãos" ... vamos ver se o pessoal gosta desta ideia e até talvez possamos avançar com ela no sentido de criar a tal corrente que eu tanto desejava. Escrever em parceria e doar direitos ... o Luso pode, tem força para isso ... eu não, que sou fraquita ... Pensa nisto Val... com carinho. Nós passamos, a obra fica ... como tu mesmo ontem me disseste. Publicar, doar direitos a ONG's ... ajudar crianças. Amigo, só temos a força das nossas palavras ... (eu pelo menos).”
E depois atendeu a um pedido da MariaSousa, explicando a idéia:
“O Projecto Gôndola consiste em criar um rede de solidariedades - pessoas interessadas a doar trabalhos literários, dos diferentes tipos: Poemas (singulares ou duetos), contos (infantis ou outros), tendo em vista publicar.
A ideia resume-se em, uma vez publicados os lucros reverterem integralmente para ONG's a trabalhar com crianças. Em África ou em alternativa em Portugal, mas com comunidades Africanas.
Gôndola = Berço!!!
Colo, afecto... educação, pão e educação... tudo! Como te expliquei, as águas dos rios não conhecem fronteiras administrativas e/ou geográficas, dado que existem apenas para nos orientarmos... Ora ai está.
Simples "barcos de papel"... os nossos trabalhos, podem navegar até onde são necessários, numa corrente quente de afectos ... Sem fim.
Podem vir do Brasil, de todos os povos lusófonos, podem vir de onde quiserem vir, nesta teia infinda e maravilhosa.”
E termina com:
”O desafio é o LUSO agarrar esta ideia.
Eu, amigos apenas a sonhei um dia ...
Ela é de hoje em diante VOSSA!
Nada me faria mais feliz que saber que a “minha Andorinha Sonho” voava finalmente!
Em “V“....”
Valdevinoxis
A boa convivência não é uma questão de tolerância.