A Amizade é uma coisa bonita... mais bonita ainda que flores campestres, que, como ela, crescem livres, soltas, despojadas, pelos terrenos mais improváveis. Como ela, nascem espontâneas, dependendo só do ninho da terra-essência, do amparo de qualquer haste-afinidade, do afago de uma brisa-carinho... e como ela, alindam os campos áridos desse mundo, pintalgando-o de cor, iluminando-o de sentimento, animando-o de esperança!
A verdadeira amizade é flor do campo... pura, dádiva, emoção ao vento... e floresce nos campos mais improváveis...
Isto, como preâmbulo para apresentar a minha amiga
**VENTANIA, no Letras Dispersas--ROQUESILVEIRA, no Luso-Poemas **
...O primeiro poema que lhe li foi #Anjo meu#... e fiquei fascinada, a sua poesia chamou-me. Levou-me ao Letras Dispersas, onde partilhei a mesa com grandes poetas que me fizeram amiga e aprendiz de poetisa... É incrível como se constroem laços tão fortes, assim, apenas partilhando emoções... Laços fulminantes e profundos...
Um belo dia deparei-me com um poema que a minha amiga tinha feito para mim... Quer dizer, pronto... titubeio... não sei que dizer... Só posso mostrar para vocês.
Eu, claro, só podia responder à melhor altura que os meus aspirantes recursos de poeta me permitiram. E foi pouco, para o que ela merece.
Também quero mostrar para vocês.
Amizade é para partilhar. Sadiamente, como o balouçar de flores campestres ao vento de manhãs de esperança...
ÓRFÃOS DO MEDO
(RoqueSilveira)
Meu olhar negro nublado
Por chuvas de solidão
Perdia-se desocupado...
No horizonte a ilusão
Do teu olhar a meu lado
Pousado na minha mão...
Teu olhar não conhecia
Os caminhos do poente.
Da chuva a cor penedia
Da retina a cor crescente.
Sentido e razão te pedia
Só mar e areia ardente...
Pensava eu ser assim
Mas engano, minha sorte
Tua chama mar em mim
Tua areia foi meu forte.
Unidos na praia, enfim,
Seguimos o mesmo norte!
Com esse brilho nas mãos
Retocámos nosso olhar
Renegámos nossos nãos
Sobrantes e a naufragar
No firmamento já órfãos
De medos e de lugar.
CANÇÃO PARA A VENTANIA
(Sterea)
Pergunto ao vento que passa
Se viu novas de mim,
E o vento traz-me sussurros:
-Sim, sim, sim!
Mas os meus ramos inertes,
Tolhidos por férreas garras,
Não ousam brotar o verde
Por entre as suas amarras.
A Primavera é criança,
Tenro sopro de equinócio,
E a VENTANIA dança,
Em nuvens, como se fosse
A esteira de minhas vozes,
Véus diáfanos de quem
Esvoaça asas d' anjo...
-Vem... vem... vem...
Como dar as mãos ao vento?
Tecer laços de cetim?
E a aragem traz-me sussurros:
-Assim... assim... assim...
E a VENTANIA aconchega-me,
Reveste meus ramos nus,
Abraça a minh' alma em sede
De flor, semente, de luz...
Desfolhando mil corolas
Desvendo sonhos em mim,
E os ecos são madrepérolas
Perfumados de alecrim!
Pergunto à VENTANIA que passa
Se viu trovas de mim.
E ela traz-me sussurros:
-Sim... sim... sim...
RoqueSilveira..., és a VENTANIA mais simpática que já conheci!!
Sterea
Teresa Teixeira