Perfumada e airosa
de passos espampanantes
pôs-se graça e cheirosa
à janela, a Aurora, só Aurora
a ver passar os estudantes
pela hora da tardinha,
e a todos os belos sorria
parecia maluquinha,
e nenhum a queria, pobrezinha!
Pelos anos
o dia repetia-se aos urros
e a moça corria
na garupa da nobreza,
decotada sobre os muros
lutava, sorria e ria
mas amar assim é avareza
que jamais singraria
gloriosa, num infante
louca e amada por um dia.
E vai airosa, amante
sem nunca estar apaixonada,
pobre Aurora,
sem tão pouco saber amar
o soberbo namoro luarento
rumo à vida, rumo ao tempo
pelos sacrifícios do vento
ora cor, ora lamento!