Conheci há alguns meses o Alfredo um cara de bem com a vida, sempre sorridente, cativante, contador de piadas, um cara aparentemente feliz... apenas aparentemente porque por trás de toda essa alegria se esconde um mundo vazio.
Alfredo foi um menino órfão de mãe, abandonado pelo pai, criado pela tia que o via como uma cruz que tinha sobre as costas, e até por isso cresceu sem carinho, sem atenção, sem amor...
Conheceu este ultimo quando se apaixonou por Betânia sua primeira namorada, ela era uma morena linda, de corpo estrutural, morava perto de Alfredo e trabalhava como doméstica na casa de gente importante da cidade. Betânia não seria mulher de Alfredo porque faleceu meses antes de se casarem, foi atropelada por um caminhão quando ia pro trabalho.
Ele se desestruturou emocionalmente mais uma vez, mesmo acreditando que já se tinha conhecido toda a dor possível pela qual poderia passar. Pra culminar perdeu o emprego devido ao afastamento que teve, pois a sua condição psicológica não se encontrava em bom estado.
Alfredo conseguiu um novo emprego depois de dois anos passando fome, indicado por um vereador no qual votou, agora ele é coveiro. Ele agora tá casado com uma mulher que não é só dele, divide a danada com outros, sem saber é claro, durante as horas em que se encontra trabalhando. Alfredo a ama e a considera a melhor mulher do mundo, de fato ela parece ser uma boa mulher e põe boa nisso. Ah! Ele também agora tem um filho, é João, na verdade o menino não é dele, as boas línguas dizem que esse é filho do padeiro, mas ninguém sabe ao certo. Bom, como diz o velho ditado “pai é quem cria” né... e quem o cria é Alfredo...
Alfredo acredita na vida, acredita nas pessoas, vive sem saber das verdades que cercam sua existência, alguns supostos amigos o consideram bobo, corno, um verdadeiro Mané, mas ele é feliz assim.
Até agora ainda não consegui compreender a diferença entre a ilusão e a realidade. E penso que Alfredo não é único no mundo. É apenas um ícone, uma referência de um bom homem enganado e iludido pelas circunstancias que a vida impõe.
Bem o importante é que ele vai levando a vida, numa batida sem compasso, tendo em suas mãos tudo o que não é dele. E eu continuo aqui torcendo para não ser mais um personagem de histórias como esta....
"Há poemas ininteligíveis nos seus elementos, porque só o poeta tem a chave que o explica; mas a explicação não é necessária para que pessoas dotadas de sensibilidade poética penetrem na intenção essencial dos versos"
Manuel Bandeira