Abraçam-se como se fosse um só momento,
Beijam-se como se houvesse um só abraço,
Deixam-se levar pelo deslumbramento
Sem se lembrarem que é tudo pó e espaço.
Embora felizes e desassossegados,
Sabem que o mundo não dura para sempre.
Olha nos olhos dela, adormece-lhe no regaço
E descobre que o amor não é resistente.
Acorda triste e desamparado
Sem saber em que lugar está,
Vê-se de estrelas, rodeado
Mas o amor, esse não há!
Procura e procura, numa busca incessante,
Debaixo de pedras, rios e flores
E se soubesse que a paixão era o bastante
Preferia ter morrido de amores!
Não a encontra em parte alguma
Desapareceu, fugiu, morreu...
Ele só quer recuperar a ternura
Que, naquele dia, ela lhe deu!
Nem as estrelas lhe fizeram companhia,
O brilho do céu também se extinguiu.
Foi-se embora aquela que lhe dava alegria
E com ele só ficou a solidão e o frio.
Nunca mais a encontrou,
Nem nos seus longos anos de vida.
Durante todo o tempo, por ela, procurou
E na sua memória, ela nunca foi esquecida.