Duda Formigão-Missão Curió
Houve um momento de muita aflição para Duda Formigão nas férias de fim do ano, quando com engenho e arte, superou a rebeldia do curió de estimação de seu Jacó, o marido da dona Lazinha.
O casal resolveu viajar para Itabuna, onde seriam padrinhos de uma criança e o problema era onde deixar os pássaros de seu Jacó. Ele possuia precisamente dois canários e dois curiós.
Mas o que parecia um incômodo empecilho, encontrou solução na disposição de Duda que convenceu os pais de que precisava iniciar sua carreira de empreendedor, e aqueles tostões que ganharia do homem viriam em boa hora, porque já tinha secretamente um plano de comprar algo muito bom para sua futura vida no espaço, como astronauta cientista.
Argumentou com os pais de que tinha jeito com os bichinhos e sabia pegar um passarinho na mão como ninguém, era extremamente contra quem lançasse mão de um bodoque para abatê-los, que não fosse em sua frente deixou claro com as sobrancelhas bem arqueadas... Ademais, os bichinhos teriam visão e conforto por lá... Sob seus préstimos de cuidador, aproveitariam a estadia para mirar o caramanchão e a paisagem do jardim bem cuidado, ele poderia levá-los para tomar ar com todo desvelo, na casinha da árvore que era baixinha e também proporcionava muita paz, de forma que, o seu Jacó e a dona Lazinha fariam um grande negócio deixando os bichinhos sob sua proteção.
Os pais, como sempre vencidos, proporcionaram ao filho mais essa precoce profissão, agora ele era um guardador de pássaros!
Tudo acertado, os dias foram passando em harmonia e para o menino a tarefa com os pássaros veio bem a calhar, uma vez que os primos seguiram com o tio numa viagem ao Canadá em família, e a tal incursão duraria todo o período das férias, de modo que Duda ficaria mesmo sem a boa companhia dos primos.
Porém ele tinha os pássaros, e uma imensa agenda gastronômica e lúdica organizada pela dona Jandira e seus quitutes de agradar “menino formigão”.
Na verdade, dona Jandira concordou rapidamente com aquela tarefa, porque Duda cultivava desde pequeno um gosto especial pelos bichos, dos pássaros sabia a linguagem decifrada, a maneira certa de pegar, resguardando os ossinhos frágeis como dissera, dos gatos sabia as manhas de cor e os cães gostavam de estar com ele a correr pela grama extensa, além de tudo, era o grande companheiro de Baltazar, o papagaio do saudoso avô que virou estrela no céu...
Na manhã em que Duda programou para fazer a visita na casa da árvore, os passarinhos estavam intimamente planejando aprontar alguma, porque tudo deu errado... Duda insistia que ia ser muito bom para eles, e procurou levá-los com cautela, pegando uma gaiola de cada vez.
Já instalados os passarinhos pareciam não ter gostado tanto do lugar,porque começaram uns vôos inquietos dentro das gaiolas, tanto que Duda resolveu fechar a grande janela e deixá-los voar livremente por ali, e tudo ia bem até a hora de repor os bichinhos na gaiola. Um deles, o curió espevitado, se rebelou e aproveitando um nó de madeira grande fugiu para longe, deixando Duda em sérios apuros.
Como faria para encontrar a ave? Onde teria se escondido? Que conta daria? Seria o fim de sua carreira?
Logo que amanheceu com a cumplicidade do caseiro Joaquim, seu anjo terreno, rumou matreiro para a cidade a fim de comprar um curió parecido com o outro. Não foi difícil encontrar pelo conhecimento do amigo, sem perder tempo, eles repuseram o bichinho que apesar de mais gordinho, com muita sorte, ninguém deu por fé.
Quando seu Jacó voltou fez o pagamento satisfeito, Duda pensou até que teve muito lucro porque quase não gastou com o sósia do curió, praticamente um presente do homem da loja. E ainda por cima, seu Jacó voltou muito feliz, e não deixou de observar:
-Duda esse meu curió aqui era tão arisco e magrinhoe olhe como está agora!! Ele está alegre e gordo. Você é danado menino! Um grande guardador!
-A gente faz o melhor seu Jacó...
Assim Duda venceu mais esta batalha e enquanto dormia com a caixinha de dinheiro em baixo do travesseiro, pensava nas aventuras que viriam enquanto ele tivesse por ali...Quem sabe não organizaria uma busca secreta atrás do curió fujão...nada era impossível para o Duda Formigão...
Nina Araújo
O poeta Walmar Belarmino assim diz:
“CORAÇÃO DE POETA É TÃO SENSÍVEL,
TÃO SENSÍVEL DE UM JEITO IMENSURÁVEL
QUE CONSEGUE SENTIR O INAUDÍVEL
E BEIJAR COM LEVEZA O INTOCÁVEL
VER UM DEUS EM CADA MISERÁVEL
E CHORAR PELA DOR DE UM OPRIMIDO
MESMO ...
Re: Duda Formigão-Missão Curió
Mais textos
Rss do autor
Estatísticas
Enviar
Imprimir
Criar um pdf
