Meu ser busca hoje o que ainda
resta de mim
de minhas andanças
e de retalhos em retalhos
tento refazer novamente
minha unidade
que se encontra perdida
nesse infindo espaço
sem tempo de nada ser.
É querer plainar no vôo eterno
findar
dilacerar o que mata lento
que doe alma
que faz pranto calado
nas madrugadas da vida
nos encontros
nos amores que busco
e que me completa
mas distantes estão
e dentro da impossibilidade de ser
presença sentida
em momento de desejos
e solidão que amarga
que tritura
que range
dilacera nosso ser
e nessa busca seguimos
avante
e nosso uivo se perde
nas caladas
uivo rouco
doidivano
em busca de mim
do ficar aqui
do querer permanecer
mas o todo querer
apenas plainar
e nunca mais voltar
apenas fazer
o meu vôo calado
rumo minha montanha
minha casa verdadeira
minha morada
onde sou eu
pássaro ligeiro
liberta de todos os elos
sendo apenas amor...
Abílio Pereira