Das mãos em forma de concha faço nascer teu corpo envolto numa túnica de névoa que te abraça. Este momento de magia que apenas os meus olhos podem captar, trás à minha alma o conforto que a saudade há muito lhe havia roubado. Olhas-me tão profundamente que consegues tocar o meu espírito que se esconde detrás deste mar de lágrimas que me transborda do olhar.
Estendes a tua mão e sobre a palma vejo o meu corpo adormecido, qual criança em berço deitada, enquanto velas o meu sono e afagas os meus cabelos. Seguras-me como se fosse uma porcelana rara, cuidas-me como se fosse parte do teu próprio ser. Sinto o calor do teu corpo aquecer o meu, sinto a brisa da tua respiração contornar o meu perfil, num cálido vento perfumado de aromas de canela e mel.
Sinto o teu corpo encostar-se ao meu, o teu braço procurar o encaixe perfeito na minha cintura. O teu peito toca as minhas costas e cobres-me como um manto quente e suave que me conforta. De olhos fechados, na noite escura, sei que dormes a meu lado, colada na minha pele, como anjo protector. Escuto, o murmúrio suave da tua voz, que ao ritmo de uma música suave me canta uma canção de embalar.