Poemas : 

ELOGIO DO estrume

 
Matéria orgânica em pasta
evacuada, casta,
carbono disforme
que em adubo se transforme,
para ter mais que o fim, bem,
que o fim que tem...

Que por último se diga
que a merda não enche a barriga...
Que a carne seja sempre pura
na ciência da hortofruticultura.
A bem do estrume,
faz-me dar mais valor ao perfume...


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
Texto
Data
Leituras
1133
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
3 pontos
3
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 10/09/2008 15:31  Atualizado: 10/09/2008 15:31
Membro de honra
Usuário desde: 04/10/2006
Localidade: Amadora
Mensagens: 4098
 Re: ELOGIO DO estrume
É preciso coragem para escrever um poema assim! Ou quem sabe, um pouco de loucura!
O certo é que ficou bem engraçado e gostei do que está nas entrelinhas. Bastante inteligente

Beijinhos

Enviado por Tópico
Julio Saraiva
Publicado: 10/09/2008 15:34  Atualizado: 10/09/2008 15:34
Colaborador
Usuário desde: 13/10/2007
Localidade: São Paulo- Brasil
Mensagens: 4206
 Re: ELOGIO DO estrumep/Rogério Beça
este poema é simplesmente genial. mais uma vez, reverencio-me ao seu cinismo e senso de humor. a maneira como você emprega as palavras em determinados assuntos dão ao que eu chamaria de romantismo-jocoso ou lirismo-deboche. sabe, uma vez comentei que prefiro cheiro de merda a certos perfumes. acharam-me louco.

abração.

júlio

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/09/2008 20:18  Atualizado: 10/09/2008 20:18
 Re: ELOGIO DO estrume
Faço minhas as palavras do Júlio. Está genial!
Beijinho