A noite sempre arrasta consigo um
estranho silêncio, aproximando as
pessoas, um pouco mais, para que de
alguma forma o contrariem, não
deixando dessa forma, que suas
vidas sejam comandadas, por forças
alheias, quando não, mais fortes que elas.
Porém o silêncio faz parte de nossas
vidas, e temos de saber viver com ele,
de forma sadia, fazendo um apanhado
de nosso dia a dia, reflectindo o que de
menos bem fizemos, como aprendizagem
futura: embora, a nós, só o presente nos
pertença, por inteiro e é nele que temos
de vingar, vezes outras em silêncio,
comedido e pensado.
Numa praia deserta, podemos sacudir tudo,
para trás de nossas costas, cientes de nós e
de nosso querer. Reina o silêncio, filho da lua,
e temos de ser nós a optar, pelo melhor
caminho a seguir: o convencimento, às vezes,
traz-nos o alheamento e a solidão, se
julgamos do silêncio, uma utopia dos deuses,
com que não nos devemos preocupar,
porque tudo é passageiro.
Quando olho para ti, em silêncio, meu amor,
sei perfeitamente que estamos em
comunhão e que nossos corpos, falam por nós.
Não nos deixamos dominar pela sem voz,
arrastando algoz consigo, porque sabemos a
hora de calar, mas não vivemos em sobressalto,
quando ele chega, em sua armadura pesada:
tudo isto porque já o conquistamos e por isso
o respeitamos, sem exageradas reverências –
o suficiente para nos escutarmos, se o silêncio
assim o exige, a instantes.
Jorge Humberto
08/09/08