O tormento que me ataca,
O pensamento que me escapa,
À luz de um Sol escaldante,
A sentir este vento irritante
Que espeta como uma farpa
O corpo moribundo que não encontra.
Dores que me apertam,
Pescoço enrolado em nós de gravatas.
O medo que não resiste,
O corpo que já não persiste.
Fazem-te tudo o que não gostas
Por um desejo que não realizam.
A cabeça começa a fraquejar,
Como um maligno tumor
Que suga os pensamentos,
Despreza os sentimentos
Do povo de um qualquer Timor
Que todos querem calar.
Segurem-me todo este ódio
Que me incendeia por dentro e por fora,
Cujo arame farpado me desliza pela cara
Com uma força colossal que não pára.
Todo um povo que sente e chora
Por não ter em vida, lugar neste pódio.
Toda a luz que me ilumina,
Que me mostra aquilo que eu sou,
Que me interpreta perante os outros,
Apaga-se agora em bocados escuros.
Nunca ninguém assim amou
Pois o amor nunca a alguém se destina.
Este sentimento macabro
Que me aperta o coração,
De ver bombas a cair.
Apenas me lembro de fugir,
Chorar a destruição
A cada porta que abro.
Lia frases nos olhos dos mortos,
Mais fácil do que ler os jornais queimados.
Raspava-lhes os corpos nus e sujos,
Tirava-lhes toda a merda com os dedos,
Sem razão para medos….
Eram só corpos.
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma