Queria que a noite chegasse,
trazendo tranquilidade a nosso lar.
Cansada da labuta, do dia-a-dia,
puxava-te para mim, envolvendo-te
em meus braços másculos,
quanto frágeis, e, em silêncio,
escutaríamos a azáfama lá fora.
Deitaria tua cabeça no meu peito,
para que ouvisses meu farto respirar.
E com extremo cuidado, com a ponta
de meus dedos, puxava-te as
pálpebras para baixo, para que este
momento solene, fosse só nosso.
Ver-te assim adormecida e segura
de si, poderia inventar-te sonhos,
que te contaria, até adormeceres de vez.
Minhas mãos nas tuas selam forte
compromisso, e, eu, sei que somos
felizes, como não tem ninguém.
Em nosso sofá predilecto, deitaríamos
nosso cansaço, corpos exangues.
Ao fundo o ruído inestético da televisão,
em nada nos incomoda, enquanto
dormimos a sono solto, a segurança
de nossos corpos juntos, a leveza de
nosso ser, numa comunhão eterna.
Vez outra acordavas de tua letargia
e pedias-me um copo com água,
pois que a garganta tinha-te secado.
Pronto me punha de pé, atendendo
ao teu pedido singelo mas preciso.
Sem que fosse forçoso levantar-te,
eu mesmo te secava os lábios e a boca.
Reina o amor e o cuidado, por toda a
casa. E diante de ti sou homem e menino,
cada um com sua preocupação, ante
sua amada, novamente adormecida, nos
meus braços protectores. E eu sinto-me,
apenas e só, a pessoa mais feliz, deste
mundo, que me traz a teu lado… assim.
Jorge Humberto
04/09/08