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diário de uma desempregada

 
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é setembro e a minha casa continua a ser o quarto, o quarto dos fundos na casa dos meus pais, o quarto onde as paredes servem de pretexto a lágrimas, a sorrisos, a revoltas, a medos. o quarto é triste como as memórias que carrega e o jornal pendurado no quadro de cortiça tem nomes de empregos sublinhados a caneta vermelha, nomes de empregos que riem, o telemóvel está pousado a meu lado e fala-me menos que a chuva que cai lá fora. ninguém me responde. e releio o currículo já gasto. setembro é anunciação de um ano lectivo que não começa, de uma vida revirada do avesso. o porco está partido no meio do chão e do que dele resta contam-se uns cêntimos e muitos cacos. olho as coisas à minha volta e penso no que poderei vender, não tenho muito valor que não seja em mim mas vender-me nunca. vender-me nunca. fecho-me em copas enquanto o mundo me chama do outro lado. estou farta de ser daqui.


. façam de conta que eu não estive cá .

 
Autor
Margarete
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Enviado por Tópico
Karla Bardanza
Publicado: 05/09/2008 15:22  Atualizado: 05/09/2008 15:22
Colaborador
Usuário desde: 24/06/2007
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Mensagens: 3263
 Re: diário de uma desempregada
TAMBÉM ESTOU FARTA DE SER DAQUI...TEU TEXTO ME TOCOU PROFUNDAMENTE POR SER REAL, POR PROVOCAR SENTIMENTOS PODEROSOS.GOSTEI POR DEMAIS.

BEIJO

KARLA BARDANZA


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/09/2008 16:01  Atualizado: 05/09/2008 16:01
 Re: diário de uma desempregada
É terrível o desemprego, a dependência objectiva dos outros, o não conseguirmos trilhar livres o nosso próprio caminho.
Mas o desespero é pior. Há que manter a chama viva, neste caso não só a da poesia.O fogo da vida.

Um abraço
e felicidades.

DM

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