Dói-me a alma de uma doença feita de ais...
Apetece-me rasgar o peito feito em folha de papel
e libertar em bando toda a poesia presa no meu interior...
As palavras assim libertas, serão espessas como sangue
vermelho vivo, jorrando alegremente do meu peito
aberto, vibrante pelas emoções descoaguladas...
Esta febre que em mim desce é feita das palavras
que flutuam livres e inconscientes no ar que respiro,
neste ar composto cuidadosamente de azuis e verdes,
empurradas pelo vento ou por um mais fundo suspiro.
Só assim poderei libertar-me desta doença feita de ais,
comprimidos dentro deste corpo demasiado pequeno
para tantas sensações acumuladas no desfiar dos anos
discretamente passados em sombras de folhas brancas,
cheias de garatujas e esboços do que tento ser.
Dói-me a alma duma doença feita de pedaços de céu,
feita de pedaços de mar, feita de pedaços de verde,
feita de mim inteiramente aos pedaços,
espalhados pelas minhas divisões e anexos
desta casa de carne, sangue e poesia.
Dói-me a alma e apetece-me cantar....
NR