Nobre soldado cobarde!…
Chora pobre soldado…
Chora pois é a única coisa
que agora podes fazer…
Não foste soldado cobarde…
Não, nunca o foste!
Nem nunca o serás!…
Lamenta os teus irmãos…
Lembra que se tivesses ficado
também tu terias morrido…
Lembra-te da tua família…
o que fariam sem ti?
Chorariam desconsolados também
como as famílias dos teus nobres irmãos…
Também tu és nobre,
lembra-te disso!
Também lutas-te contra morte
como todos os teus companheiros…
Limpas a roupa manchada de sangue,
e de lágrimas
que vais libertando nos pesadelos….
Esta guerra não mais é tua…
Não te culpes,
sem teres culpa…
Cumpriste ordens…
Fugiste,
fugiste, sim fizeste-o;
mas p’ra quê, ficar e morrer
se nunca ganharias a guerra?
Sim, querias ficar e lutar
se morrias,
morrerias com honra…
Levavas mais contigo
do que aqueles
que eram preciso para te matar
Mas para quê?…
Para seres mais um de estatística
E não carne e osso…
És nobre…
Nobre como o vento…
Nunca quiseste a cobardia
Relutante,
tiveste que abandonar os teus…
Os que te ficaram na memória…
Os pesadelos da guerra
fingem a tua própria morte…
Vez o rosto dos teus,
de dores presas num cemitério
enterradas nas lágrimas despejadas
sobre a tua face…
Acordas no sobressalto dos gritos
Ainda encarando esta realidade…
A realidade de estares mudado,
mudo e silenciado
pelas pesarosas recordações…
que te iram atormentar a vida inteira…
…até que consumido pela névoa…
…morras enlouquecido!
A todos os militares, que vem a morte ou de frente ou a passar ao lado para vir buscar os seus "irmãos"
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