ORGULHO E SILÊNCIO
Olha-me de frente.
Diz-me o que sentes...
O amor acabou,
Ou é pena sem voo...?
Diz-me o porquê
Do fim que antevê
A saudade que nasce
Deste frio disfarce.
Não vires as costas,
Diz-me o que não gostas.
Destila o amargor,
Sê mais que o actor
Do antes, e depois
Levanta questões,
Descobre a razão
Do meu frágil não!
Segura-me o rosto,
Pergunta que gosto
Tem esta saudade
Que me doma e invade;
Quanto a dúvida é cega,
Se ao silêncio se entrega;
Quanto o caminho é estreito
entre o meu e o teu peito!
Ousa um pouco mais,
Acusa os punhais
Que afiei entretanto -
gumes, desencanto.
Talvez eu consiga,
Talvez por fim diga
Com que flor me magoaste,
Que dor foi mais agreste.
Aceita a intenção
Pela culpa que não
Nos quer por orgulho...
E o sim que articulo
É o amor que to implora
Pela verdade que agora
Não é mais que o silêncio
Do meu beijo em suspenso.
Nunca deixes cair o -S-
é entre nó e nós
que o abismo acontece.
Teresa Teixeira