Teu corpo é como folha branca, um livro inteiro por escrever. Esperas que os meus dedos sejam o lápis que desenha formulas mágicas, ancestrais ícones que escondem em ti os segredos da vida, guardados na alma pura que transportas dentro do corpo. O teu corpo é luz, verso duma canção por escrever, ou simples letra, palavra alada que percorre as páginas, desenhando os traços de um rosto que se esconde em teus cabelos.
Debruço-me sobre ti, abrindo a mente, deixando fluir a alma, os sentidos espalham-se sobre as letras que se escrevem sozinhas, como se o papel já as soubesse de cor. E nasces ali, imaginada, por entre uma amalgama de sensações, feitiços e magia. Eu, feiticeiro que murmura em silêncio as palavras mágicas, o homem que te busca através dos tempos, juntando cada pedaço teu em um só corpo, um só espírito que caminha através da luz, quebrando as trevas que o escondiam.
Sinto a tua mão que salta do papel para acariciar a minha face exausta, vejo pela primeira vez em muitos séculos o teu olhar fixar-se no meu, e o teu corpo emergir como se saísses de um lago de águas calmas. O teu abraço... ah... o teu abraço recebeu o meu corpo que se sentiu dentro do teu como se acabasse de chegar a casa.