Algures no poço dos desejos
há uma moeda escondida
que guarda vários almejos,
tantos quantos tem uma vida.
Mas aquele que mais se vê
nem é o que está à vista,
ninguém sabe dizer porquê,
talvez por ser tão realista:
Espero um haja um perdão
por cada erro que cometa
e que haja tal compaixão,
que ninguém se comprometa...
Mas ela caiu já há tanto,
essa moeda agora enegrecida,
acho que aquilo que canto
foi uma sorte concedida.
Mas o desejo, esse não mudou,
um perdão por cada erro...
cabe a vós algo que vos dou;
de ser falível até ao meu enterro.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.