O SOL SOBRE MIM
( COSMOCREPÚSCULO)
Daqui a alguns muitos milênios,
O magno astro embarcará no indesejado vagão do trem de Caetana.
Sim, então sua energia será engolida pelo sumidouro
Cósmico cujo rosto se assemelha a interstícios em molde de Neblina cuja nuança se alterna entre roxa e branca.
Enquanto isso, no espaço e na atmosfera de sua prole,
A lhes subjugar a paisagem,
O espraiamento e a diáspora de partículas de átomos
Hiper cálidos decretam o ocaso do reinado seu,
Estrela-de-Fogo, hoje, suprema, soberana, indispensável á nossa
Existência: á existência de assimétricos vermes hediondos!
Mas, muito antes disso,
Sarcasticamente,
O esplendor térmico explodirá.
O sumidouro cósmico assim, nos soçobrará:
Poeira atómica de gente e outros vivos seres
A galopar, meteoricamente, pelo ar.
Nós, por nós mesmos,
Teremos êxito em encontrar
O caminho da Glória. E, ao encontrarmos o caminho da Glória,
Encontraremos também o caminho que jamais quisemos:
O caminho que, se pudéssemos, suprimiríamos de todo e qualquer
Lugar,
Senão o lançaríamos á boca do eterno postergar.
Porém, ultimamente, tenho pensado que sempre o quisemos:
Quisemos e cobiçamos, a todo momento, o caminho:
O caminho do nosso crepuscular. O caminho do suicídio!
O caminho que, infelizmente, havemos escolhido para trilhar.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA