Reescrever os meus pensamentos, incomoda-me de novo, mas a correcção torna-se obrigatória.
Comecei por escrever um livro, ou por contar uma história sem qualquer argumento e isso revelou-se difícil, mesmo drástico. Pensei estranhamente estar a contar o que realmente acontecera, mas, a quem?
De facto por tudo o que tenho escrito, existe um momento, existe tempo, um lugar e tudo teve de ser vivido, a cada segundo mesmo os tempos mortos onde o tudo e o nada se perde de vista e não me resta mais senão dormir.
Diz-se que em tempos difíceis, dormir, afasta a fome de alimento, neste caso dormir era pouco mais do que me afastar da realidade, acelerar o tempo e perder-me no vazio.
Foram tantas as horas em que me encontrei imóvel com tanto frio e longe do teu abraço…
Sonhei contigo dias sem fim, dediquei-te o meu sofrimento para que não me abandonasses, mesmo em horas de Inferno – e essas também te ofereci – Contemplámos ódios abraçados em dor, esquecemos sorrisos, vencemos o amor.
Não existe um dia que não te recorde, não existe uma hora em que não chame por ti e a cada segundo que sinto o pânico da minha respiração, finjo-me indiferente, para não me ouvir.
Sem qualquer beleza, desprovido de estilo vou escrevendo este meu romance, reescrevo-o bem o disse e espero que o acompanhes, que faças deste vulto, o teu amor evidente. Onde estivemos todo este tempo, o que fizemos de nós?
Vou-te dizer, falando baixinho e em cada palavra, por cada suspiro peço-te encarecidamente, lê-me escuta-me e recorda-me como o teu mais difícil paciente.
Manuel Rodrigues