(essa é uma história, portanto real, contada em 3 partes)
--------
"Abelhas I – Tratamento de Choque; o curso"
Bom, talvez nem tenha tanta graça escrevendo, mas pode ter certeza que a situação real foi muito engraçada.
Eu sempre tive, como outros, pavor de abelhas.
Bastava haver uma para não haver eu.
Mas como também sou dotado de uma "certa" coragem, decidi impor-me uma terapia de tratamento de choque.
Não, não, não choque elétrico! Coisa de psicologia, sabe!
Fui fazer um curso de apicultura de quatro finais de semana em uma cidade vizinha. Era legal acordar no sábado cedinho e pegar a estrada até a chácara onde se ministrava o curso.
O pessoal era divertido, a conversa era boa, um mix, meio eclético, jovens, velhos, senhoras e até umas mocinhas, sério.
Começamos com a aula teórica e, se voce tiver a oportunidade de aprender um pouco sobre as abelhas, descobrirá coisas muito interessantes sobre as quais não vou falar.
Enfim fomos exortados para, na próxima aula, providenciar o tal macacão de apicultor, fumegador (para fazer fumaça sobre a colméia) e luvas.
(Curiosidade: Sabe pra que serve a fumaça? As abelhas “pensam” que está pegando fogo na mata e por instinto “correm” se encher de mel para protege-lo, pois é seu grande tesouro. Elas sugam o máximo de mel e ficam pesadas e com o abdome cheio, aí não conseguem flexiona-lo para ferroar, além de estarem mais preocupadas em proteger o mel. Esse é o segredo. Mesmo assim tem algumas que não caem nessa. Sempre tem, né! São aquelas metidas a espertinhas e mandonas. Pode crer que são as mais baixinhas. Rsss)
Mas voltando ao assunto, para sua informação o macacão não evita que se tomem ferroadas, começa por aí.
As luvas, até evitam, depende do material.
O fumegador! Essencial.
Na aula seguinte podia-se ver um bando de “seriam patos?”, “seriam garças gordas?”, “seres disformes?”, ... um bando de fantasmas gordos e desengonçados de botas e luvas e capacetes, subindo a ladeira entre caixas de abelhas. As mulheres segurando nas mãos dos acompanhantes, alguns cheios de coragem e outros nem tanto.
A fumaça começa a subir e as abelhas a saírem. O instrutor avisa que se perdesse o controle seria cada um por si. (Que incentivo!)
E começa a aparecer abelha. E cada vez mais abelhas.... e alguém contou e disse que tinha mais de oitenta mil.
Tava demorando pra uma “velhinha” gritar: -Ái professor! SOCORRO! GENTE! Tem uma abelha dentro do meu macacão! E pula pra cá e pula pra lá, e se bate. O macacão que era maior que o número dela se entorta todo, a cabeça sai do lugar, as mangas caem e aquilo tudo vira um bolo de brim branco rolando no chão. Resumo. Nenhuma picadinha, só”medão” mesmo.
E era abelha batendo na máscara e montes de abelhas que pareciam marcar reuniões em algumas partes de algumas pessoas. Um bolo na cabeça de um, outro nas costas de outro...
Aquele zzzzzz em suspensão é pior que broca de dentista!
Aí começam as picadas, e a correria dos menos valentes. O tumulto atiça as abelhas das outras caixas que estavam quietas e o bicho pega.
Pra quem estava em primeira viagem pareceu o fim do início dos pseudoapicultores, mas os instrutores disseram, e agora eu sei, que aquilo não foi nada de mais. Na verdade não aconteceu nada de anormal, exceto algumas que algumas pessoas se assustaram.
Fizemos a troca de caixa da colméia e, à partir daí comecei a perder o medo do bichinho, mantendo apenas o respeito, obviamente.
Na parte II, próximo texto, acontecerá a primeira experiência pessoal e essa foi pra batizar mesmo. Foi A Fuga das Abelhas.