OS DOIS LADOS DA VIDA
Este seu soluço representando a angústia.
Este seu corpo magro, espelhando a fome;
Estes seus olhos vidrados refletindo a morte,
Poucos são os homens a dirigir sua sorte.
O farrapo que lhe cobre do frio,
Os gases que lhe devora à noite;
A fome que lhe faz ranger os dentes,
É misantropia mais forte que o açoite.
Seu filho chora e lhe pede o peito,
Adormece e não consegue sentir o gosto,
Era uma esperança a fluir do seio,
Quisera leite e só encontra o soro.
O silêncio aumentando a dor dessa agonia,
Nesta tapera que se esconde e definha,
Enquanto chora baixinho, a noite é grande,
Nas mansões se embriagam ao vinho.
Entre o tinir dos copos de cristais,
Sempre discutindo a soberania,
Falam em paz, mas se compram armas,
Esta desculpa já virou mania.
E, sobre o planeta continua a fome,
Enquanto o soldado morre o comandante sobe;
Nada mais triste no proscênio da Terra,
Etiópia, índia e bophal morrendo!
Moscou e Washington explodindo dólares.
OBS: TRABALHO ELABORADO 10/03/1978