A areia quente e macia
Acolhe o meu corpo
Que a profana,
Moldando-se a ele
Numa inebriante carícia
Que a mão humana
Não sabe fazer.
Levanto-me dela
Deixando-a gravada
Com a forma
Que a minha pele
Deleitada
Nela desenhou.
A maré vai subir
Mas não vai chegar
A esta gravura discreta
Para a apagar.
Tentei desenhar-me em ti
Sempre que te vi
Como fiz na areia.
Mas sei que uma onda
Mais atrevida
Me vai apagar
Quando a maré virar.
Porque deixas, meu amor,
Que apague a minha cor?