O vazio está-me a preencher até ao ponto de raiva,
Como arruaça, evidencia-se gritando dentro de mim,
Chamamentos em fúria que fervem em tédios, para assim,
Á ternura não deixar no peito, espaço onde caiba…
Tremulamente, em oscilação pelo dúbio vagaroso,
Rompe em mim a estrídula frieza da instável vida,
Como se fosse ingénito, enrola-se em minha ferida,
Sem noção moral, na brandura do tempo ocioso!
Atiro ás faces dos ventos as minhas liras.
Nas espátulas ainda me pesa carregar tamanha cruz,
E o peito continua flagelado, rasgado em tiras…
Sinto as dores por entre espasmos vastos.
Toda esta tormenta, em gritos, apenas me conduz
Á voz de cios que sobrevivem apesar de velhos e gastos…
Paulo Alves