Chuva de Verão nos campos ao abandono
Como se um deus saciasse a sede
Dos seres neste deserto esquecidos
Chove nos telhados e nas ruas da aldeia desamparada
Chove no meu coração
E no reflexo da calçada molhada!
A Terra estende o amplexo à lua
As planícies ciumentas, abraçam os lagos
Também o luar me inunda os sentidos
Cativando-me extasiada em memórias de afagos!
Mas tu amor não estás
És prisioneiro do teu próprio egoísmo
Fazes-me vaguear por caminhos milenários
Como se fosse votada ao ostracismo!
Queria ter o poder de pairar sobre a tua alma
Para que te deleitasses no meu calor de amoras
É a tua ausência que me entenebrece
Tal como por entre os telhados nocturnos sombreia o luar de amores
A Terra apaixonada quer reter a lua ao rubro
Assim quero eu que permaneças em mim
A lua deixa-se acariciar pela Terra em fascínio
Pedindo às estrelas do universo que jamais este enlace tenha fim!
Mas o momento sublime logo acaba
O eclipse transforma-se em orgasmo fatal
Terra e lua tocam-se em pensamento
Rejeitando assumir perante o resto do mundo
O seu amor interdito mas ausente de qualquer mal!