Quando, à minha volta, tudo era nada,
por lixeiras caminhando, atreito a todas
as doenças (que a fome era muita), onde
nem mais reconhecia rostos ou gestos
e todas as estradas, eram meus algozes,
bulia no meu pensamento, que um dia,
tudo isso acabaria e tu estarias no sítio
certo, à minha espera, chamando-me para ti,
estendendo teus braços, impregnados de
um amor já tão raro, nos dias que correm,
onde o preconceito reina, acima de tudo.
Eu… bom…. eu era nada, pouco mais que
um fantoche, capitulando uma outra vez,
às garras do vicio; que me fizeram perder
casamento e tudo, que, de bom, havíamos
planeado.
De regresso ao meu Augusto país, quasi dois
anos sofri, tamanha perda, que de tudo me
culpei e injuriei, por novamente ter fraquejado,
quando, à partida, só um sol raiava e a esperança,
me conduzia, num louco frenesim, de vida
e tamanhas conquistas.
Definhando eu em minha cama, sem dormir nem
comer, quis sentir todas as dores possíveis, que
assim castigassem meu ser, revelador e fraco –
não deixaram os meus bons amigos, que se
posicionaram a meu lado, e, incutindo-me, novo fôlego,
foi que, aos poucos, da redoma saí.
Não haveria de passar muito tempo, até ao nosso
reencontro; e, eu soube, que eras aquela, por quem
ansiava, para começar uma nova vida, partindo
dos princípios de tudo; e, de novo, me senti
amado, sem nunca por ti ter sido julgado, que tu
alma é pura e nosso amor resultou, como às coisas
mais naturais, deste nosso imenso Universo.
Hoje somo um em dois. Ao passado não regressarei.
Que tudo que colhi de ti, foi aprendizado e muito amor.
E que agora quero compartilhar contigo, com o respeito
e o orgulho, que soube preservar, e tu bem exaltaste.
Jorge Humberto
27/08/08