Ando nas ruas cruzadas...
E os caminhos cruzam-se como por magia...
Olho no teu olhar...
Olho no teu rosto...
Olho nos teus lábios...
Aproximo-me lentamente de ti... desconhecidamente conhecida...
Como olhando para um abismo de sentimentos pego nas tuas mãos...
Lá fora milhares de pessoas correm à nossa volta...
E não reparam que o tempo para nós acabou de congelar...
Que olhos vidrados num só pensamento estao apoteóticamente à sua frente...
Que algo de importante está prestes a acontecer...
E ninguém se apercebe deste momento...
A não ser nós... Ilustres desconhecidos da multidão...
E quando eu me aproximar da tua face... O teu coração vai disparar e o meu parar...
como se o medo e a coragem se aliassem para o tango mais apaixonado de sempre...
Os lábios, tocam-se ... os corpos estremecem... Os arrepios desmedidos...
E lá fora a correria de sempre no valsar dos lábios...
O olhar brilha, o sol irradia... E o amor desperta...
Em dois breves desconhecidos...
Que por momentos cruzaram seu olhar...
Para na música que pressinto existir eles se envolverem como o cetim se envolve a cama de dorsel...
O olhar doce... O despir dos corpos, a pureza dos sentidos...
E fico eu a olhar... seu despido corpo...
E a perdurar seus traços em cada meu respirar...
Alexander the Poet