Sigo o rumo do teu perfume, deslizando sobre tua pele como tapete de seda que me acolhe, bebendo o sal do teu suor que me acrescenta a sede do teu ser. Não és ilusão, fantasia, ou mesmo utopia. As minhas mãos moldam-se aos sulcos do teu corpo, descobrindo-te com a ponta dos dedos como se fosses flor imaculada.
Tu entregas-me o corpo, invólucro de tua alma, prisão ambulante dos teus desejos inconfessáveis. Acendes os sentidos como farol que irradia beleza por todo o espaço que nos envolve. Ofuscas o meu olhar com a luz incandescente da tua aura e deixas que te conduza, como se dançasse o teu corpo em meus braços.
Tua boca move-se pronunciando em silêncio as letras de uma canção por escrever, teu coração marca o ritmo deste bolero que te agita. Fluis em mim como uma vaga de mar, água fresca que me abraça num turbilhão de prazer fazendo-me perder o equilíbrio. Precipito-me em teu abismo azul, oceano profundo de luxúria em que desejo afogar-me.
Silêncio... não digas nada... sente apenas a minha chegada, saboreia o suco dos meus lábios que sustentam agora os teus... deixa que te leve para outra dimensão, numa viagem de loucura, em que ambos seremos um corpo só, deambulando sobre o palco ao som desta música.